É mesmo assim. Desilusão. Gostei muito das intervenções (pelo menos da maioria delas), mas foi uma desilusão o debate. Pouca participação, pouca assistência - quase sempre as mesmas caras, as mesmas convicções - e acima de tudo, uma influência política que a mim me deixou desconfortável. Ok que o debate foi promovido por uma facção de um partido político, mas este assunto é, no meu entender, apolítico. É uma questão de direitos humanos. Ponto. Não tem cor, credo, ou ideologia política. Ou pelo menos não deveria ter. Não é uma luta do PS, nem do PSD, nem do BE, nem tão pouco do CDS ou PCP. É de todos, para todos. Não é uma luta dos homossexuais ou heterossexuais. É uma luta dos cidadãos e cidadãs portugueses. É uma luta das pessoas, para as pessoas!
Houve várias intervensões da assistência. Destaco uma que me causou náuseas (e como já estava meia enjoada, nem tive coragem para responder à letra). Trata-se da intervensão de uma deputada do PS - da qual, peço desculpa, não me lembro do nome - em que referiu várias vezes o termo tolerância puke, e que também fez questão de dizer que mesmo dentro do seu partido, existem facções desfavoráveis à correcção do código cívil para abranger casamento às parcerias homossexuais. Ora, minha cara representante parlamentar - sim, porque os deputados, supostamente representam, ou deveriam representar, a população eleitora - tolerância, no meu entender - e repito, no meu entender - é ofensivo. Primeiro, porque dá-me a sensação de pressupostos pejorativos em relação à homossexualidade. Depois, porque dá-me a sensação de que até deveria me sentir agradecida por tal paciência moral. E por último, porque não é tolerância que quero. Quero RESPEITO. E isso sim, é algo que posso reinvidicar! Respeito por mim como pessoa. Respeito por mim como mulher. Respeito por mim como homossexual!
Quanto ao facto de haver deputados do seu partido que ainda acham que os homossexuais são diferentes, e pois então que a lei do código cívil está correcta, também existem outros deputados, noutros partidos que seguem a mesma linha de pensamento que a senhora, com toda a certeza, no que diz respeito a este assunto. Tenho a certeza disto. Podem ainda não ser a maioria no parlamento - até admito isto - mas se calhar se trabalharem todos juntos, naquilo que acham de direito - e razoável - e por uma vez excepcional, colocarem de lado as cores políticas, tenho a mesma certeza, que justiça será feita e o bom senso prevalecerá: casamento entre duas pessoas. Ponto.
Fiquei desiludida com a possibilidade do parecer do Acordão do Tribunal Constitucional vir a ser inconclusivo por tecnicalidades, ou de vir a ser desfavorável por preconceitos homofóbicos dos próprios juízes constitucionalistas que pertencem ao mesmo. É-me realmente inacreditável que hajam pessoas assim de mentalidade pequena, fechada, retrograda, egoísta e preconceituosa em cargos de poder e autoridade em Portugal. É nestas alturas, que por mais que me custe, como portuguesa e orgulhosa que sou, admitir que, até nisto, os espanhóis estejam anos de luz à nossa frente.
Triste! Tristeza! São as palavras e o sentimento que me marcam no fim deste debate. Em contra-posição com discurso de Pedro Zerolo onde evocava a Felicidade como o objectivo político, social e económico de qualquer cidadão mundial.
Fico com a dúvida, se alguma vez os portugueses serão, realmente, felizes.
Update: a pedido de muitas "famílias" aqui fica o missing link: Conferência Internacional - NADA MAIS QUE A IGUALDADE
Thursday, July 17, 2008
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