Projecto luso-espanhol mediu concentração de nicotina no ar
Oito horas numa discoteca podem representar 15 cigarros para não fumador
11.04.2006 - 09h11 Alexandra Campos PÚBLICO
É nas discotecas e nos bares que os níveis de contaminação do ar ambiental com nicotina são mais elevados. Nestes locais, um não fumador pode chegar a "fumar" o equivalente a 15 a 16 cigarros por cada oito horas, média que, nos restaurantes, desce para cerca de cinco a seis cigarros por dia de trabalho.
Estes são os primeiros resultados de um projecto de investigação que está a ser efectuado pela Agência Nacional de Saúde de Barcelona e o Instituto Catalão de Oncologia, em colaboração com a Universidade do Minho (UM).
Portugal e Andorra fazem parte do grupo de controlo deste estudo experimental, que visa avaliar o impacte da legislação antitabágica em vigor em Espanha desde Janeiro passado, explica José Precioso, do Instituto de Educação e Psicologia da UM, responsável pela parte portuguesa do projecto.
Mas como conseguiram os investigadores chegar a estes números? No ano passado, colocaram 50 medidores de concentração de nicotina no ar em várias instituições públicas, empresas, restaurantes, bares e discotecas de Braga. Em Espanha, onde o campo de acção é mais vasto, foi espalhada por estabelecimentos públicos e privados de dez comunidades autónomas cerca de meia centena de monitores de nicotina. Os resultados da avaliação desta monitorização anterior à entrada em vigor da lei espanhola foram agora conhecidos.
Com base num "cálculo complexo", que leva em conta a concentração de nicotina no ar e o volume de ar aspirado durante determinado tempo de exposição, é possível estimar a quantidade média de cigarros "fumados" pelos não fumadores nos locais testados. São resultados médios, adverte José Precioso, sublinhando que, nos edifícios da administração pública, os valores encontrados são bem mais baixos, o que indica que aí já há "mais parcimónia" e um maior cuidado com os fumadores passivos.
Proteger os trabalhadores
Ainda durante este mês será feita uma nova avaliação, estando mais duas acções deste tipo previstas para Dezembro de 2006 e 2007. O objectivo é perceber até que ponto a nova lei em Espanha está ou não a surtir efeito na melhoria da qualidade do ar nos locais fechados, comparando com a situação em Portugal e em Andorra.
"É preciso criar leis que protejam os trabalhadores no seu local de trabalho", defende José Precioso, que pede ao ministro da Saúde português para não cometer o "erro espanhol". Em Espanha, foi dada a possibilidade de opção aos proprietários dos restaurantes com menos de 100 metros quadrados. Resultado: "nem 15 por cento são restaurantes para não fumadores", lamenta.
O anteprojecto de decreto-lei sobre o tabaco colocado em discussão pública no final da semana passada pelo ministro Corrreia de Campos prevê a proibição de fumar em locais de trabalho, bares, discotecas e restaurantes, permitindo que sejam criadas áreas para fumadores só nos estabelecimentos com 100 metros quadrados ou mais. Mas o diploma, que entra em vigor em 2007, está ainda aberto a sugestões e alterações.
Tuesday, April 11, 2006
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