Thursday, April 28, 2005

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

- Eu faço versos como quem morre.



Manuel Bandeira

2 comments:

paula said...

Fénix, quem é o gajo,pá?

paula said...

Epá, desculpa lá, mas estive a reler este conjunto de frases outra vez.Sim, porque de outra coisa não me parece muito mais. Está triste o senhor? também metade do mundo. diz alguma coisa? não.Diz que faz versos: ok,onde estão? acrescenta alguma coisa ao mundo para além de dizer que lhe doi nas veias? raios, doer nas veias? fénix, para não dizer outra coisa.